quinta-feira, 17 de maio de 2012

ORGÂNICOS: crise passageira ou realidade sem perspectiva?

Ao que tudo indica mais uma empresa de porte médio do setor orgânico está encerrando as atividades. Não se sabe em detalhes o que aconteceu, mas recebemos a informação por um e-mail enviado pela secretária. Etiqueta empresarial à parte, esse é um fato que preocupa.


Da mesma forma que ficamos perplexos com uma notícia dessas, somos atropelados por uma avalanche de perguntas tentando encontrar os motivos que levaram ao acontecido. Será que não conseguiram adaptar-se ao rigor da nova legislação? Será que não estão dispostos a custear o valor pesado da certificação? Será que simplesmente foi o resultado de má administração? Será que não havia mercado para os seus produtos? Ou matéria-prima?


As perguntas são muitas mas, pessoalmente, acredito que a razão de mais uma empresa sucumbida não é nenhum dos fatores acima descritos. Na minha opinião - veja bem, na minha opinião - o setor orgânico é insustentável. Não, isso não é uma incoerência. Orgânico é sustentável ecologicamente falando, mas não é sustentável economicamente falando, muito menos politicamente falando.


Infelizmente, ou felizmente não sei,  ainda somos uns apaixonados pelo que fazemos e não largamos o osso de jeito nenhum. É a nossa filosofia que nos mantém vivos. O que não acontece com os investidores que entram no mercado, ficam dois/três anos injetando capital e logo estão caindo fora. O mundo empresarial visa lucro e ponto final. Não deu lucro, fecha. E não me venha com esse papo de filosofia. Com eles é assim.


Falta de matéria-prima, altos custos de produção, baixa escala, mercado proibitivo, desinteresse político, ainda são os fantasmas da produção orgânica. E acredito que ainda serão por um bom tempo.


Solução? Não tenho a menor ideia. Só lamento por mais uma marca de orgânicos fora das prateleiras. Todos perdemos com isso. Contudo, fica a experiência e o aprendizado para seguir em frente. Eu ainda prefiro a filosofia. E lucro logo depois, claro!


Por Letícia Weigert

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