terça-feira, 15 de abril de 2014

Então, o que temos para o futuro?

Na produção de morangos, aqui na região, abril é o mês de planejar a safra e a primeira ação é comprar as mudas de morango. O volume de mudas importadas é um sinalizador de como será o mercado, pois ele segue as leis da demanda de oferta e procura. É por isso que todos os anos pergunto ao gerente da loja responsável pela importação das mudas do Chile qual o volume de mudas negociado. Este ano ele me deu uma resposta diferente. Me informou que o volume é o mesmo do ano passado, a diferença é que a maioria das mudas não foram compradas por agricultores do nosso município, mas por municípios vizinhos. No início não dei muita importância para esta informação, mas agora vejo que este dado pode indicar mudanças no perfil agrícola do município. E uma triste constatação: assim como em muitas outras áreas, nosso município está caminhando pra trás.

Já tivemos tantas coisas que foram se acabando com o passar do tempo. Já tivemos uma Casa do Turista, aberta de segunda a segunda, para atender os visitantes. Já tivemos um Grupo Folclórico atuante com quatro categorias de dançarinos e uma festa típica alemã focada na família e que incluía desfile, baile e um jantar para 600 pessoas. Já tivemos o Prêmio de Gastronomia Aldo e Nilsa Broering que premiava e valorizava os estabelecimentos gastronômicos da cidade. Já tivemos o NEP - Núcleo de Educação Profissionalizante - com curso técnicos de qualidade. Hoje a escola de Taquaras, que recebeu o projeto piloto de geração de energia solar, vive assombrada pelo fantasma do seu fechamento nos próximos anos devido à falta de alunos, já que o município prioriza o transporte dos alunos para a escola da sede. Quase perdemos o Festival de Inverno que, felizmente, sobreviveu porque sua organização foi retirada do poder público e passou para a iniciativa privada e hoje segue sob a coordenação do CDL e da Agência de Desenvolvimento. Já tivemos tantas coisas boas.

Agora voltando à agricultura. Rancho Queimado ainda é a capital catarinense do morango, mas até quando? Será que não corremos o risco de diminuir a produção a ponto de outro município pleitear o título? Que incentivos temos para continuar na produção de morangos? Ainda temos a maior festa do morango do estado - e vale lembrar que esta vai para a 23ª edição somente porque é organizada pela Associação Comunitária do Distrito de Taquaras. Mas será que teremos morango pra atender às próximas festas?

Não existem políticas públicas nem para agricultura nem para nenhuma outra área. Não vejo pró-atividade em nenhum setor do poder público. Salvo raras exceções, executivo e legislativo hibernam sob uma verdade 'se os outros não fazem eu também não preciso fazer'. Estamos acéfalos. Não só isso. Estamos sem cabeça, sem braços e sem pernas. E é desse jeito que estamos caminhando em direção ao futuro.

Por Letícia Weigert

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